sábado, 11 de dezembro de 2010

Países mantêm kyoto, mas não fixam 2º período

Como era esperado, adoção de pacote de decisões não deve ocorrer em Cancún

ONG faz ação no fim da COP-16

A organização ambientalista Oxfam fez ontem uma escultura de areia em uma praia em Cancún, no México, para chamar a atenção dos negociadores que participam da Conferência do Clima da ONU. Ao lado, turista fotografa a escultura com a inscrição "Lives on the Line".

Afra Balazina

ENVIADA ESPECIAL / CANCÚN

Os quase 200 países participantes da Conferência do Clima da ONU em Cancún (COP-16) concordaram ontem em manter o Protocolo de Kyoto vivo, mas não definiram um segundo período de compromisso para o tratado.

Segundo a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente), houve compromisso político de não interromper a vigência de metas decorte de emissões de gases-estufa. O primeiro período de Kyoto termina em 2012, portanto é precisodecidir oquantoantesalgo para depois de 2013.

Os resultados concretos da reunião,porém, continuavamindefinidos até as 22h30 (horário Brasília). Os dois principais documentos que serão negociados haviamacabadode serdisponibilizados. As discussões correriam muito possivelmente por toda a noite e a manhã de hoje, talvez entrando no período da tarde. Teoricamente, a conferência se encerraria às 18 horas de ontem.

Os textos se referem aos dois trilhos de negociação climática: um dos que estão no Protocolo de Kyoto e outro que inclui também os que estão fora dele (comoos países em desenvolvimento e os EUA). O último continha as sugestões em diversas áreas que deveriam formar um pacote de decisões. Entreos temas estavam o financiamento e a transferência de tecnologia para países menos desenvolvidos conseguirem fazer a transição para uma economia menos poluente e o mecanismo de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (Redd). Também a mitigação, que trata do corte das emissões de CO2.

O melhor resultado esperado era a adoção dessas decisões. Mas,naavaliaçãode pessoas ligadas à Convenção do Clima da ONU, no máximo haveria a decisão de continuar negociando o texto no próximo ano.

Desde o início da COP-16 não havia expectativas de um acordo com valor jurídico para os países com metas de cortar emissões. Mas se esperava definir pelo menosum "pacote dedecisões equilibrado". Apesar de a negociação de Redd ter avançado, nenhum dos países admite aprovar algo sem o restante do pacote.

Impasse. O grupo de países em desenvolvimento quer a manutenção de Kyoto. Mas nações como Japão, Rússia e Canadá são contra. O Japão critica o fato de EUA e China, os maiores emissores, não terem ratificado Kyoto. Eles defendem um tratado que inclua todos os países.

A ministra brasileira admitiu que é preciso convergir os diferentes grupos, mas ressaltou que é importante manter Kyoto, o único acordo com valor jurídico existente na área de clima.

Diversos ministros reclamaram do fato de a Bolívia ter travado as negociações, até mesmo as do mecanismo que interessa ao Brasil, o Redd. O país negou ter abandonado a mesa, mas foi acusado de não colaborar. A comissária da União Europeia para o Clima, Connie Hedegaard, disse que as negociações de um acordo com valor jurídico estavam mais "para (a Rodada) para Durban (África do Sul) deserá a COP-17em2011,comparando a negociação climática com a de liberalização do comércio, que fracassou.

A UE tem metasdentrodeKyoto e, apesar de querer esforços semelhantes de países de fora do tratado, fez um esforço pelo segundo período do acordo.

ELLIOT DIRINGER

ANALISTA DO CENTRO PEW

"O importante é termos resultados legalmente vinculantes e não se serão um segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto."

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