Marta Salomon / BRASÍLIA
Corte pulverizado da Amazônia visa a enganar satélites; Inpe afirma que vai aprimorar resolução das imagens da floresta
Com 80% do desmate concentrado em áreas menores que 0,5 km2 e fora do alcance dos satélites de monitoramento rápido, a devastação da floresta amazônica mudou de padrão e somou 6.451 km2 entre agosto de 2009 e julho de 2010, informou ontem o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O corte pulverizado da floresta é explicado pelo diretor do Inpe, Gilberto Câmara, como uma forma de driblar a fiscalização. "É picaretagem, uma tentativa de fugir dos satélites", disse, anunciando que o instituto ampliará o foco dos satélites para captar em tempo real os desmatamentos em áreas menores que 0,5 km2.
Em 2002, elas representavam 35% do total do desmate na Amazônia. Em 2010, o peso dessas áreas mais do que dobrou e atingiu 80% do total. E não foi registrado o abate de áreas com mais de 10 km2, que representavam 10% do desmate em 2002.
Os números do desmatamento foram anunciados ontem em solenidade no Palácio do Planalto. É a menor taxa desde o início da série histórica, em 1988, e um segundo recorde consecutivo. A queda, em relação ao ano passado, foi de 13,6%. O porcentual, porém, ficou aquém da expectativa do governo, conforme antecipou o Estado ontem.
A queda no ritmo das motosserras na Amazônia é o maior trunfo brasileiro nas negociações do combate ao aquecimento global.
"Vou a Cancún com o cumprimento antecipado da meta prevista para 2016", comemorou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, referindo-se à Conferência do Clima, no México.
No discurso, a ministra repetiu várias vezes o bordão do presidente Lula - "nunca antes na história deste País" - para destacar o ineditismo do feito.
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