quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Envolverde - Desmatamento zero em todo o Brasil


Os resultados do estudo "Redução das emissões de carbono do desmatamento no Brasil" foram apresentados aos participantes do CBUC.

No penúltimo dia de atividades do VI Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC) o tema das mudanças climáticas dominou o horário de almoço. Foi divulgado um estudo sobre a contribuição do Programa Áreas Protegidas da Amazônia para a redução das emissões de carbono resultantes do desmatamento e da degradação florestal.

A Universidade Federal de Minas Gerais, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, o The Woods Hole Research Center e o WWF-Brasil combinaram esforços para realizar o estudo “Redução das emissões de carbono do desmatamento no Brasil: o papel do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa)”.

De acordo com o coordenador de mudanças climáticas do Ipam, Paulo Moutinho, responsável pelo estudo, esse estudo indica que o Brasil tem em mãos uma boa oportunidade para fortalecer a proteção a suas unidades de conservação e demais áreas protegidas.

“Esse estudo indica que as áreas protegidas têm um importante valor econômico. Se elas contribuem para o combate às mudanças climáticas, elas estão evitando prejuízos para todo o mundo. É mais simples reduzir emissões por desmatamento do que emissões por queima de combustíveis fósseis”, afirmou o pesquisador.

“O Brasil deve receber pagamentos da comunidade internacional pela contribuição que dá ao mundo com a redução de emissões de carbono. E cabe ao país desenvolver mecanismos para investir nos esforços de redução do desmatamento e também para manter o sistema de unidades de conservação estável”, completa Cláudio Maretti, superintendente de conservação do WWF-Brasil.

Maretti ressalta, ainda, que essa preocupação de manter o sistema de áreas protegidas brasileiro estável se deve às mudanças que ocorrem nas pressões sobre as unidades de conservação: “as ameaças às áreas protegidas não são estanques, portanto os recursos advindos da compensação pela redução de emissões devem ser destinados tanto à redução do desmatamento quanto ao fortalecimento de todo o conjunto de áreas protegidas”.

Para Anael Jacob, coordenador do Arpa no Ministério do Meio Ambiente, “estudos como esse são necessários, porque pela primeira vez mensuramos o valor econômico da conservação da natureza, o que é indispensável num contexto em que diversos interesses estão em conflito”.

Moutinho destacou, ainda, que os esforços de redução do desmatamento não podem se concentrar apenas na Amazônia. “O Cerrado também é floresta e, portanto, também precisa ser preservado. A taxa de desmatamento anual do Cerrado é muito maior do que a da Amazônia”.

Maretti aproveitou para destacar a proposta do WWF-Brasil de que é preciso investir esforços, governamentais e não-governamentais, para reduzir o desmatamento a zero em todo o Brasil até 2015.

Redução de emissões e desmatamento

Os principais resultados do estudo foram apresentados aos participantes do CBUC. O primeiro dado que se destaca é que as áreas protegidas são de fato uma barreira para o desmatamento. O estudo indica que o desmatamento no interior das áreas protegidas é consideravelmente menor do que fora.

A principal fonte das emissões brasileiras de carbono é o desmatamento e a degradação florestal. Portanto, se o Arpa contribui para evitar o desmatamento, também contribui para evitar a emissão de carbono na atmosfera, uma das principais causas das mudanças climáticas.

“De acordo com as simulações feitas pela pesquisa, até 2050 as UCs apoiadas pelo Arpa deverão resultar na redução de 5,1 bilhões de toneladas de CO2, o que equivale a 70% da meta de reduções prevista para o primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto”, afirmou Cláudio Maretti, superintendente de conservação do WWF-Brasil.

Credito da imagem: Juvenal Pereira

(Envolverde/WWF-Brasil)

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