Por Cristiane Jungblut e Eliane Oliveira
Lula defende uma agenda conjunta, não ditada pelos europeus
BRASÍLIA. A preservação da Amazônia entrou ontem na agenda da reunião de presidentes da América do Sul, junto a temas como a integração energética e a criação de um Conselho de Defesa Sul-Americano.
Diante das cobranças internacionais motivadas pelo desmatamento da floresta, especialmente na Amazônia brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou, segundo assessores, preocupação com a questão e defendeu a necessidade de as nações da região assumirem uma posição sobre o tema.
O desejo de Lula é que a próxima reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), criada no encontro de ontem, tenha a Amazônia com um dos principais temas. Na semana passada, ao se reunir com o presidente do Peru, Alan García, Lula foi cobrado por seu colega peruano sobre a falta de mais integração entre os países amazônicos que fazem fronteira com o Brasil. O líder brasileiro concordou.
O assunto surgiu ontem quando Lula conversava com seus colegas sul-americanos sobre biocombustíveis, segurança alimentar e Amazônia. O presidente disse que é preciso que os países amazônicos estabeleçam uma agenda conjunta, para que não sejam pautados pelos europeus. Na Europa, lembrou Lula, há sempre um debate sobre a questão amazônica.
— O presidente considera que é preciso que os países da região não fiquem a reboque dessas posturas internacionais e desenvolvam uma pauta própria — disse uma fonte ligada ao Palácio do Planalto, acrescentando que o desmatamento não pode ser um discurso apenas de países que não fazem parte da região.
O presidente do Equador, Rafael Correa, disse ontem ao GLOBO que concorda com a preocupação de Lula.
Correa destacou que é também preciso desenvolver políticas para proteger os povos indígenas.
— Já estou cansado de ouvir os discursos dos países europeus dizendo que temos de preservar o meio ambiente. São países que acabaram com suas florestas e devem nos compensar por provermos esse bem tão necessário à preservação da vida no planeta — afirmou o equatoriano. (Cristiane Jungblut e Eliane Oliveira)
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