James Cameron e sua equipe lançam pacote especial de 'Avatar'
André Miranda
Enviado especial - LOS ANGELES
Em Los Angeles, veemse muitos tapetes vermelhos.
Mas, na última terça-feira, o tapete que recebia os convidados no Beatrice Studios era azul, assim como paredes, cortinas, poltronas e a camisa do anfitrião. É que tudo anda azul na vida do diretor James Cameron.
Cameron e os estúdios Fox convidaram jornalistas do mundo todo para um dia de programação com a equipe e o equipamento usado na mais rentável produção da História de Hollywood, "Avatar" (2009). A intenção era promover um pacote especial do filme em Bluray e DVD, que chega às lojas em novembro. Com uma trama sobre o avanço de humanos no planeta Pandora, habitado por alienígenas, vejam só, azuis (os Na"vi), "Avatar" foi um marco no cinema, por trazer novas tecnologias e levar o 3D a um patamar outrora impensável.
- Por trás da magia, há pessoas.
E não é um exército, como se imagina, mas um grupo pequeno, cada um cocriador do filme comigo - disse Cameron ao abrir o evento. - Os extras do Blu-ray fazem o trabalho deles aparecer mais claramente.
O mise en scène em torno de "Avatar", quase um ano após seu lançamento, tem a ver com seu potencial financeiro. O filme arrecadou US$ 2,77 bilhões nos cinemas pelo mundo, ficando quase US$ 1 bilhão à frente de "Titanic" (1997), também de Cameron, o segundo colocado no ranking das bilheterias. Mas não foi só. Lançado em abril, o DVD de "Avatar" gerou mais US$ 147 milhões, só nos EUA.
Por tudo isso, o filme ainda ganhou uma versão estendida, com oito minutos a mais, e tem, desde agosto, voltado aos cinemas.
Já o novo pacote contém diferentes cortes, curiosidades, cenas deixadas de fora e vídeos que explicam a produção. São, portanto, a possibilidade de a Fox ir além nessa mina de ouro alienígena. Mas Cameron jura que sua motivação é outra: - Não tive toda essa preocupação com o desenvolvimento de tecnologia para ganhar dinheiro. Já ganhei o bastante com o "Titanic". O que eu quero é dar continuidade a um trabalho de anos.
"Avatar" começou a ser concebido por Cameron há 15 anos - mas, na época, não havia tecnologia para que ele fosse realizado.
O evento em LA teve o objetivo de mostrar essa longa jornada. O diretor de arte Robert Stromberg explicou a concepcão de Pandora. O diretor de fotografia Vince Pace filmou os participantes numa câmera 3D e exibiu o resultado numa tela, detalhando a técnica. O supervisor de animação Richie Baneham apresentou a tão falada câmera criada para captar imagens virtuais e reais simultaneamente.
E o professor de Comunicação Paul Frommer esclareceu como fez para criar um idioma inteiro, o Na"vi.
Cameron fez questão, ainda, de reservar tempo para uma exposição da ONG internacional Amazon Watch, que, baseada nos EUA, tem a meta de proteger a Floresta Amazônica e preservar as culturas de seus habitantes.
O diretor foi procurado pela ONG em abril, ao divulgar no Brasil o DVD de "Avatar", e desde então tem se engajado na luta. A maior bandeira adotada por ele é contra a hidrelétrica de Belo Monte.
- Cameron não exigiu tratamento especial. Só foi conhecer tribos onde a maioria nunca tinha ouvido falar nele - disse Atossa Soltani, diretora executiva da ONG. - Por causa dele, nossa causa repercutiu e ganhou cobertura nos jornais.
O que mais se esperava no evento era alguma revelação acerca de "Avatar 2". O filme já foi anunciado, mas Cameron também já declarou seu interesse em produzir um remake de "Cleópatra" com Angelina Jolie.
- Não sei se "Avatar 2" será meu próximo filme. Mas sei que farei o 2 e o 3 simultaneamente, para facilitar - disse Cameron, antes de deixar escapar que a personagem de Sigourney Weaver, uma botânica que morre no primeiro filme, pode voltar no segundo. - Ninguém morre numa ficção científica.
O repórter viajou a convite dos estúdios Fox
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