terça-feira, 12 de outubro de 2010

Estado tem papel duplo em conflito no AM

O conflito de interesses entre grandes projetos de infraestrutura e preservação ambiental e de populações ribeirinhas é antigo na Amazônia. Em 1984, por exemplo, várias comunidades foram deslocadas para a inundação do lago de Tucuruí, no Pará - e só conseguiram casa e energia elétrica mais de 20 anos depois da construção da usina. Nos anos 70, colonos instigados a ir para a Transamazônica foram abandonados à própria sorte na beira de uma estrada até hoje não asfaltada. Em 1987, um terço dos índios uaimiris atroaris que viviam na área inundada pela Hidrelétrica de Balbina tiveram de deixar o lugar - e a usina hoje não atende nem o município de Manaus.

No caso do Encontro das Águas dos Rios Negro e Solimões, um dos ícones da paisagem amazônica e polo turístico internacional, o poder público tem papel duplo. O sistema de captação de água previsto para ser construído no local, que adentra 700 metros nos rios, foi bancado pela União com contrapartida do Estado. No caso do Porto das Lajes, cabe ao governo do Amazonas o licenciamento do projeto. Assim, o Estado fica na situação de cobrar parâmetros ambientais de um terminal concebido para servir à Zona Franca, que emprega cerca de 100 mil pessoas e é a maior fonte de receita do Amazonas.

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