Nagoya, Japão, 20 de outubro de 2010 - A importância econômica dos recursos naturais do planeta agora faz parte do radar político, resultado de um estudo internacional que mostrou o enorme valor econômico das florestas, água doce, solos e recifes de coral, bem como os custos sociais e econômicos de suas perdas. Essa foi a conclusão do relatório A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (TEEB), lançado hoje pelo líder do estudo, Pavan Sukhdev.
"O TEEB tem documentado não só a importância multi-trilionária do mundo natural para a economia global, mas também as formas de mudanças de políticas e mecanismos de mercado inteligentes que podem incorporar novas ideias em um mundo atormentado por uma série crescente de desafios múltiplos. A boa notícia é que muitas comunidades e países já estão percebendo o potencial de incorporar o valor da natureza na tomada de decisões", disse Sukhdev, banqueiro que comanda a Iniciativa Economia Verde do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), durante o lançamento do estudo na 10ª Conferência das Partes (CoP 10) da Convenção sobre Diversidade Biológica, em Nagoya.
O estudo TEEB exige maior reconhecimento dos tomadores de decisão sobre a contribuição da natureza para a subsistência, saúde, segurança e cultura humana em todos os níveis (do local ao nacional) e setores. O TEEB promove a apresentação e, quando apropriado, a captação dos valores econômicos dos serviços da natureza através de um conjunto de instrumentos e mecanismos de política.
"A abordagem do TEEB pode redefinir os atuais padrões econômicos e iniciar uma nova era na qual o valor dos serviços da natureza passa a ser visível e se torna uma parte crítica da tomada de decisões na política e nas empresas. Se nada for feito, nós não só perderemos trilhões de dólares em benefícios para a sociedade, mas também agravaremos o nível de pobreza e colocaremos em risco as gerações futuras", disse Sukhdev.
A natureza é crucial para a prosperidade e o desenvolvimento
No relatório final TEEB, chamado Mainstreaming the Economics of Nature (Integrando a economia da natureza), três cenários são apresentados para ilustrar o modo que conceitos e instrumentos econômicos descritos no TEEB podem ajudar a equipar a sociedade com meios para incorporar os valores da natureza na tomada de decisões: um ecossistema natural (floresta), um assentamento humano (cidade) e um setor de negócios (mineração).
Com mais da metade da população humana vivendo em áreas urbanas, as cidades têm um papel crucial a desempenhar para o reconhecimento do capital natural necessário para manter e melhorar o bem-estar dos seus habitantes. Instrumentos econômicos e políticas inovadoras estão emergindo como recompensa de boas práticas.
"No passado, apenas setores tradicionais como indústria, mineração, varejo, construção e geração de energia estavam na mente de economistas e ministros de desenvolvimento, orçamento e comércio. O TEEB tem trazido à atenção do mundo o fato de os bens e serviços da natureza serem tão ou mais importantes para a economia das nações, incluindo as mais pobres - considerando que se trata de um planeta de recursos finitos com uma população que deve subir para nove bilhões de pessoas até 2050", disse Achim Steiner, Subsecretário Geral da ONU e Diretor Executivo do PNUMA.
Bráulio Dias, Secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, salienta que o estudo TEEB oferece boa orientação e uma mensagem poderosa para redefinir os padrões econômicos. "Como um dos hotspots mundiais de biodiversidade, o governo brasileiro e o setor empresarial estão percebendo as recomendações do TEEB e reconhecendo que a era da invisibilidade do valor da natureza tem que acabar. A nível nacional, estamos discutindo a implementação de um estudo TEEB sobre o nosso capital natural, e o setor empresarial brasileiro também está planejando uma transição para essa abordagem prática e sustentável na tomada de decisões", comentou.
Todos os relatórios TEEB estão disponíveis no site http://www.teebweb.org/
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