Mais uma vez Mato Grosso volta ao noticiário nacional por prática de crime ambiental, porém, dessa vez com abordagem que revela atuação de autoridades contra a extração de madeira em área indígena.
Ontem, a operação Fazenda Brasil, desencadeada conjuntamente pelo Ibama, Funai, Polícia Federal e Força Nacional cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão no município de Aripuanã, região noroeste de Mato Grosso.
A operação desarticulou um esquema de desmatamento e transporte ilegal de madeira nobre na reserva Aripuanã, no município do mesmo nome e pertencente à etnia Cinta Larga. As prisões e apreensões apontam para a existência de um organizado esquema de degradação da terra indígena e não se pode descartar o conluio de índios, pois em caso contrário não seria possível a movimentação de elementos da sociedade envolvente em seu território sem que houvesse algum tipo de reação ou de denúncia imediata junto aos órgãos competentes.
Detalhar o desenrolar até agora da operação não muda o cenário de destruição da Amazônia pela ganância e a irresponsabilidade de tantos que praticam tal agressão em Mato Grosso e nos demais estados da região. Mas, é importante que o noticiário dê destaque ao desmonte do grupo que se enquadrou na ação da Fazenda Brasil.
O Brasil tem que rever imediatamente a questão do desmatamento na Amazônia. Não se pode pensar em parar de fiscalizar nem de autuar com rigor os desmatadores, mas acima de tudo é imprescindível que medidas corajosas e amargas sejam tomadas para a proteção dos povos da floresta e da própria, antes que seja tarde demais.
Madeira é uma das commodities desoneradas pela Lei Kandir para efeito de exportação, o que estimula seu mercado extrativo. Madeira não é produto que se possa transportar longe do olhar da fiscalização tributária e ambiental. Portanto, se a mesma for retirada da relação dos produtos benefícios pela citada lei e se o governo criar mecanismo que impeça seu deslocamento por rodovia, hidrovia, ferrovia ou qualquer outra matriz de transporte, seguramente haverá sensível redução do desmatamento.
O desmatamento irracional da Mata Atlântica e o aniquilamento em curso no cerrado reforçam a necessidade de preservação da Floresta Amazônia, que há mais de três décadas sofre sistemática agressão.
Somente com o cerco aduaneiro, fiscal e policial rodoviário será possível estancar a ação dos madeireiros. Porém, para que isso ocorra, o governo terá que criar política que dê suporte ao setor extrativista para mudar de atividade sem necessidade de enxotar empresários e fechar postos de trabalho no chamado Arco do Desmatamento.
Se o próximo ou próxima presidente não der novo tratamento à questão do desmatamento na Amazônia sua eleição não fará sentido, pois se perdurar a mania de se tentar enxugar o chão com a torneira aberta a sociedade brasileira continuará perdendo a luta contra os agressores da Floresta Amazônica cada vez menor e com menos biodiversidade.
O Brasil tem que rever imediatamente a questão do desmatamento na Amazônia.
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