Os países desenvolvidos estão se preparando para recuar na exigência de que os países emergentes concordem em estabelecer cortes de longo prazo nas emissões de gases estufa. Essa concessão pode ser a base de um acordo global de combate às mudanças climáticas.
A demanda era um de cinco elementos estratégicos que os países ricos queriam em troca de um acordo na cúpula internacional que acontecerá em Copenhague, em dezembro. Economias emergentes importantes, lideradas pela China e pela Índia, recusaram-se a aderir à proposta, preocupadas com a possibilidade de que poderia ser usada para forçar a aplicação de vastos e até agora não especificados cortes nas suas emissões no futuro.
Os EUA e a União Europeia agora estão amenizando os seus apelos por uma meta global de redução das emissões à metade até 2050, numa tentativa de construir um consenso em torno de um acordo menos ambicioso.
Todd Stern, o enviado especial do presidente dos EUA, Barack Obama, para mudança climática, que esteve em Londres ontem para manter conversas com os 17 países mais poluidores do mundo, deixou transparecer a postura mais moderada: "Nossa opinião no G-8 em julho foi de que deve haver um número para países desenvolvidos e um número para o mundo: 80% para países desenvolvidos e 50% para o mundo. Ainda pensamos assim". Mas acrescentou: "Não sei se isso será incluído ou não".
Um acordo vinculante para reduzir emissões em Copenhague é tido como improvável, mas os negociadores creem que o encontro determinará o modelo político para a redução dos gases estufa.
A desistência da demanda por 2050 poderá facilitar o fechamento de um acordo em Copenhague, já que concentraria a atenção na forma como os países gerenciam as emissões na próxima década. "As discussões sobre 2050 consumiram tempo que poderia ser usado de forma mais proveitosa determinando o que faremos antes que morramos todos", disse uma autoridade graduada.
Os países desenvolvidos já concordaram em reduzir suas emissões em 80% até 2050, o que permanecerá inalterado.
Ed Miliband, ministro do Reino Unido para Energia e Mudança Climática, também sinalizou que a meta de 2050 era dispensável. Ele elogiou as ações que países em desenvolvimento como China e Índia têm tomado para controlar a expansão das emissões e disse que esses compromissos assumidos para a próxima década eram de suma importância. "As metas de 2050 são importantes, mas é mais importante ter metas de médio prazo", ele disse.
A meta de 2050 é a segunda concessão recente nas negociações. Os países em desenvolvimento praticamente renunciaram às tentativas de obter livre acesso à propriedade intelectual dos países ricos.
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