Eric Camara
Para quem não conhece, os arbustos e árvores baixas podem até dar a impressão de que a área foi desmatada recentemente, mas o chamado cerrado amazônico é tudo menos isso.
São campos considerados minas de ouro para cientistas - viveiros da biodiversidade amazônica.
Foi em uma dessas regiões de cerrado amazônico que uma nova espécie de gralha foi registrada pela primeira vez pelo pesquisador Mario Cohn-Haft, há menos de um ano.
Ao longo da BR-319, há diversos campos como estes, que podem ser vistos em imagens de satélites.
Eles aparecem como manchas amarelas que - para os leigos, é bom repetir - podem parecer focos de desmatamento. A diferença é que esses tais "focos" ao longo da BR-319 ficam em locais bastante inacessíveis.
Só se chega até eles com um mateiro e várias horas abrindo trilhas floresta adentro.
Por isso é que decidimos pegar um atalho: fomos até o recém-criado Parque Nacional do Mapinguari.
Lá vimos cotias, araras, muitas andorinhas, papagaios e até rastros de anta, o maior mamífero da América do Sul.
Da "nova" gralha, nada. Mas tudo bem, tivemos uma bela impressão do que os inimigos da reabertura da BR-319 dizem estar sob risco de sobrevivência, caso ela realmente seja inteiramente recuperada.
A partir desta segunda-feira, vamos começar a encontrar as pessoas que vivem às margens da rodovia, muitas vezes em condições de pobreza com enormes dificuldades de acesso a serviços básicos, como saúde e educação.
Não vou ficar surpreso, se descobrir que para essas populações, a importância da incrível biodiversidade amazônica fique em segundo plano, diante da necessidade de, por exemplo, chegar rapidamente a um hospital.
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