Negociador americano para o clima diz que país quer financiar a preservação de florestas pelo mundo
Os Estados Unidos declararam a disposição de ajudar o Brasil e outros países a evitar o desmatamento. O principal negociador americano para o clima, Jonathan Pershing, afirmou anteontem em Bangcoc, na reunião promovida pela Organização das Nações Unidas, que o desmatamento precisa ser controlado e que seu país "tem de apoiar a questão".
"Estamos vendo o que a ciência diz sobre florestas no mundo. Elas estão levando a substanciais porções de emissão de gases-estufa. Então, qualquer coisa que possamos fazer como comunidade internacional para ajudar a reduzir o desmatamento e melhorar as práticas de uso do solo parece uma boa ideia", disse ao Estado.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento da Amazônia brasileira contribui com cerca de 2,5% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa.
Uma das formas de financiar a diminuição do desmatamento é o mecanismo chamado de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD), que permitiria aos países desenvolvidos receber créditos de carbono pelo financiamento de projetos de conservação que reduzam o desmatamento nos países em desenvolvimento.
Mas, segundo Pershing, além do REDD, os Estados Unidos levam em conta outras maneiras de prover recursos para diminuir o desmate. "Existem outros métodos, como empréstimos e subvenções diretas. Colocamos todos eles no projeto de lei de energia e clima que está no Senado."
O encontro em Bangcoc é uma preparação para a conferência do clima de Copenhague, onde deve ser fechado o acordo com a definição de novas metas de redução de emissão de gases-estufa para os países industrializados. Porém, o projeto de lei citado por Pershing não tem previsão para ser votado no Senado.
Sem a lei, as negociações estão complicadas, pois os Estados Unidos não colocam propostas claras na mesa. Eles não querem cometer o mesmo erro, de assinar o Protocolo de Kyoto, mas depois, em razão da oposição dos congressistas, não o ratificar.
Ontem, Pershing elogiou ações de países emergentes para reduzir emissões e citou China, Índia, Brasil e África do Sul. Entretanto, voltou a demonstrar que os EUA querem um acordo em que os países em desenvolvimento também tenham responsabilidades, mesmo que diferenciadas - já que os países industrializados têm responsabilidade histórica. "Estamos menos confortáveis com a ideia de que a comunidade internacional só se importa com as ações de cerca de 30 países (os industrializados)." CRÍTICAS
Pershing também teve de responder a críticas, entre elas a de que seu país tem bloqueado negociações. "As histórias de incapacidade dos EUA para se moverem são vastamente exageradas", falou. "O Congresso, apesar de um processo difícil e demorado, está se movendo. E quando um governo novo entra e precisa mudar o que aconteceu por muitos anos, isso leva tempo em qualquer país. Mas não estamos bloqueando, estamos tentando facilitar (o acordo)", afirmou.
Ele também comentou a divulgação de dados da IEA (Agência Internacional de Energia) que mostraram que, com a crise econômica, as emissões de 2009 devem cair 3%.
"Não atingimos um ponto em que o problema não pode ser resolvido", disse. E, aproveitando para provocar os emergentes, disse: "O segundo ponto do relatório que eu destaco é que os países precisam agir imediatamente, e todos devem agir."
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