Segundo os especialistas, sustentabilidade ambiental se mostra mais como uma oportunidade do que como uma restrição ao desenvolvimento
A presença na Amazônia de áreas protegidas pela legislação, como unidades de conservação e terras indígenas, e o risco de diminuição da produtividade na pesca e na agricultura, são condicionantes que devem ser levados em consideração nos grandes empreendimentos de geração de energia no Brasil.
O alerta é encontrado em um extenso estudo lançado nesta terça-feira (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) intitulado “Energia e meio ambiente no Brasil”. O estudo completo está disponível no site do Ipea, http://www.ipea.gov.br/portal.
De acordo com o estudo, o esgotamento dos potenciais mais atraentes nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do país em que se localizam os grandes centros de carga, sinalizam para a exploração dos potenciais existentes na região amazônica.
Na Amazônia, segundo o estudo, se estima um potencial remanescente de cerca de 108 GW, ou seja, 41% do potencial existente no país, transformando o Norte do país na resposta para a fronteira energética.
Os autores do estudo destaca, contudo, que a região se caracteriza pela existência de diversas áreas protegidas que apresentam diferentes níveis de restrição a implantação de empreendimento hidrelétrico e a passagem dos sistemas de transmissão associados.
“Do ponto de vista ecossistêmico é discutido o fato da diminuição da produtividade na pesca e na agricultura, e a alteração dos fatores geomórficos presentes no ambiente fuvial. Desse modo, nos estudos de longo prazo, esses condicionantes devem ser levados em conta, na comparação entre as diversas fontes para geração e na definição dos corredores de transmissão”, diz trecho do trabalho.
Os autores, segundo o estudo, procuraram evidenciar que, muito mais do que um sacrifício para a economia nacional, a sustentabilidade ambiental deve ser vista como uma oportunidade para o desenvolvimento socioeconômico.
Este raciocínio, destaca o texto, segue a tendência mundial, talvez irreversível, de uso de energias alternativas com responsabilidade social e ambiental, na perspectiva da gestão integrada dos recursos naturais.
Série
O comunicado do IPEA é o primeiro de uma série dedicada ao meio ambiente, intitulada "Sustentabilidade Ambiental no Brasil: biodiversiadade, economia e bem-estar humano".
“A sustentabilidade ambiental se mostra mais como uma oportunidade do que como uma restrição ao desenvolvimento”, disse o técnico Albino Rodrigues, durante solenidade de lançamento do estudo, em declaração publicada no site do IPEA.
O estudo aponta que deve haver um investimento de cerca de 214 bilhões de reais em energia elétrica, cerca de 672 bilhões de reais em petróleo e gás e cerca de 66 bilhões de reais em energia proveniente de biocombustíveis líquidos.
“Como grande parte dos investimentos em energia no Brasil é feito com dinheiro público e a partir de empréstimos de bancos como o BNDES, espera-se que uma instituição como esta deva exigir que os investimentos estejam de acordo com uma maior eficiência energética e com a sustentabilidade ambiental”, concluiu Gesmar Rosa Santos, outro autor do estudo.
Energia eólica e solar
O técnico Antenor Lopes Filho destacou a energia eólica no Brasil como um tipo de geração que tem crescido muito no País.
“Há dez anos, a energia eólica era uma coisa fora da realidade do País, era considerada muito cara e pouco eficiente. Porém, nos últimos anos, estamos vendo o surgimento de parques eólicos no Ceará e há projetos no Rio Grande do Sul e Bahia”, disse.
Em relação à energia solar, o técnico diz que seu uso é praticamente desprezível no Brasil. Porém Antenor destaca que é muito alto o custo ainda dessa tecnologia.
“É curioso, mas no caso da energia solar, os custos sempre foram colocados como entraves à utilização dessa tecnologia, pois se pensava sempre no aspecto econômico”, afirma Antenor. Mas, o técnico do Ipea destaca que a exemplo da energia eólica, a tendência é que essa tecnologia seja mais utilizada no Brasil.
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